sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Nós e os "outros"

Não precisamos estar dominados pela ideologia comunista (utopia dos tolos) para percebermos que precisamos avançar muito, muito mesmo, para nos tornarmos verdadeiramente humanos.


Por natureza somos mais iguais do que desiguais, mas socialmente somos inaceitavelmente desiguais.
O que temos verdadeiramente em comum, nós os bem nascidos? Nossa solidão, nosso medo de estar só, de não ter (enganosamente mais importante do que ser), nossa angústia social (de não ser reconhecido pelo outros bem nascidos).
Muitos desmentirão minha afirmativa, considerando-a radical.
Defenderão cegamente a felicidade de viver nesse mundo abençoado, nosso mundo de exceção, esse porto seguro que abriga apenas os nossos pares bem nascidos.
Desmentirão sempre os céticos, chamando-os de pessimistas, que teimam em trazer à tona, revelar o outro lado, o lado que desmoraliza a nossa consciência social, a nossa responsabilidade com a humanidade (que deveria ser o conjunto de todos os homens).
Desmentirão sempre, por que se assim não for como suportarão, como sobreviverão a tanta realidade.   
E, afastando da sua “consciência” a existência do “outro” (que vive ao Deus dará), tornam-se não apenas desigual ao “outro”, mas alienados de si mesmo.
Um dia o poeta Manuel Bandeira declarou: “Vi ontem um bicho/na imundice do pátio/catando comida entre os detritos. (...) O bicho não era um cão. / Não era um gato./não um rato./O bicho, meu Deus, era um homem.”

Santacruz