Nós e os "outros"
Não precisamos estar dominados pela ideologia comunista (utopia dos
tolos) para percebermos que precisamos avançar muito, muito mesmo, para nos tornarmos verdadeiramente humanos.
Por natureza somos mais iguais do que desiguais, mas socialmente somos inaceitavelmente desiguais.
O que temos verdadeiramente em
comum, nós os bem nascidos? Nossa solidão, nosso medo de estar só, de não ter
(enganosamente mais importante do que ser), nossa angústia social (de não ser reconhecido pelo outros bem nascidos).
Muitos desmentirão minha
afirmativa, considerando-a radical.
Defenderão cegamente a felicidade de viver nesse mundo abençoado, nosso mundo de exceção, esse porto seguro que abriga apenas os nossos pares bem nascidos.
Defenderão cegamente a felicidade de viver nesse mundo abençoado, nosso mundo de exceção, esse porto seguro que abriga apenas os nossos pares bem nascidos.
Desmentirão sempre os céticos, chamando-os de pessimistas, que teimam em trazer à tona, revelar o outro lado, o lado que
desmoraliza a nossa consciência social, a nossa responsabilidade com a
humanidade (que deveria ser o conjunto de todos
os homens).
Desmentirão sempre, por que se
assim não for como suportarão, como sobreviverão a tanta realidade.
E, afastando da sua “consciência” a
existência do “outro” (que vive ao Deus dará), tornam-se não apenas desigual ao “outro”, mas alienados de si
mesmo.
Um dia o poeta Manuel Bandeira
declarou: “Vi ontem um bicho/na imundice do pátio/catando comida entre os detritos.
(...) O bicho não era um cão. / Não era um gato./não um rato./O bicho, meu
Deus, era um homem.”
Santacruz