A Banda
Hoje, revi um filme
imperdível.
Quando assisti pela primeira
vez eu soube que se tratava de um grande vinho para o qual não apurara o meu
paladar suficientemente.
Puro cinema. Cinema puro,
limpo, poesia.
A Banda, do diretor
israelense Eran Kolirin.
Uma arte, não simplesmente
estética (para ver), mas uma arte para “re-fletir” você mesmo.
Uma banda da polícia egípcia,
que se apresentaria numa cidade israelense, se perde no aeroporto e toma um
ônibus para uma cidade errada. Cidade desértica onde o tempo parou, tanto como
os seus poucos habitantes que pararam no tempo.
Ali impera a solidão, não
sofrida, mas aceita como destino.
Tudo ali é para sempre.
Quando a banda egípcia desce
do ônibus que somente voltará no dia seguinte, os egípcios só contam com a
generosidade dos moradores israelenses.
Mas se trata de um cinema que
exorta a generosidade. Naquela cidade desértica pulsa a nossa humanidade.
Mas ali não existe conflito
(árabe\israelense), apenas solidão.
No mundo interior da solidão
todos os conflitos são eliminados.
Somente resta a possibilidade
da solidão ser interrompida temporariamente pela presença do “outro” confiável,
pela bondade, pela ausência de ideologia, pré-conceito, pela aceitação da
diferença.
O mal não está em cogitação.
É desumano, ou pior ainda, é anti-humano. Nesse deserto, aparente deserto, o
mal, ainda, não contaminou a nossa existência.
Somos seres humanos. É o que nos diz o filme: é
possível ser humano.