quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Banda

Hoje, revi um filme imperdível.
Quando assisti pela primeira vez eu soube que se tratava de um grande vinho para o qual não apurara o meu paladar suficientemente.
Puro cinema. Cinema puro, limpo, poesia.
A Banda, do diretor israelense Eran Kolirin.
Uma arte, não simplesmente estética (para ver), mas uma arte para “re-fletir” você mesmo.
Uma banda da polícia egípcia, que se apresentaria numa cidade israelense, se perde no aeroporto e toma um ônibus para uma cidade errada. Cidade desértica onde o tempo parou, tanto como os seus poucos habitantes que pararam no tempo.
Ali impera a solidão, não sofrida, mas aceita como destino.
Tudo ali é para sempre.
Quando a banda egípcia desce do ônibus que somente voltará no dia seguinte, os egípcios só contam com a generosidade dos moradores israelenses.
Mas se trata de um cinema que exorta a generosidade. Naquela cidade desértica pulsa a nossa humanidade.
Mas ali não existe conflito (árabe\israelense), apenas solidão.
No mundo interior da solidão todos os conflitos são eliminados.
Somente resta a possibilidade da solidão ser interrompida temporariamente pela presença do “outro” confiável, pela bondade, pela ausência de ideologia, pré-conceito, pela aceitação da diferença.
O mal não está em cogitação. É desumano, ou pior ainda, é anti-humano. Nesse deserto, aparente deserto, o mal, ainda, não contaminou a nossa existência.
Somos  seres humanos. É o que nos diz o filme: é possível ser humano.