Celulares flores sem perfume
17: 00 horas de 21 de dezembro de 2014
Sala de
embarque do Galeão. Estou sentado confortavelmente aguardando o meu voo.
Leio “Judas”
de Amós Oz (escritor que a cada livro seu, como eu, levanta a questão: qual o
sentido de tudo?).
Levanto os
olhos do livro e me assombro ao mirar um deserto de celulares de todos os
tipos, cores e tamanhos, que como flores se abrem na extremidade de troncos
humanos.
A visão
dessa paisagem me angustia, me torna um estrangeiro, me empurra para a solidão.
Volto os
olhos para o livro e leio: “Os olhos” disse Guershom Wald, “nunca se abrirão.
Quase todos os homens atravessam sua vida, do nascimento até a morte, com os
olhos fechados. E se não estamos gritando dia e noite, é sinal de que nossos
olhos estão fechados”.
João Santacruz
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